Doenças da pele
VITILIGO
O vitiligo foi observado pela primeira vez em 1500 AC. Acredita-se que o termo vitiligo derive de vitelius (vitelo), do grego, e indica a semelhança das manchas brancas do vitiligo com aquelas do pêlo de um bezerro. Atribui-se o uso pioneiro do termo ao médico romano Celsus, no século II. O vitiligo apresenta manchas despigmentadas nítidas, que aparecem em qualquer localização da pele. Há uma predileção por orifícios – olhos, narinas, boca, mamilos, umbigo e genitália.
A história natural da doença tem um curso com disseminação muito rápida (em alguns meses) e depois estabiliza, ou uma disseminação lenta pelo corpo (durante anos). Os locais sujeitos a trauma (fenômeno de Köebner), como os cotovelos, podem desenvolver vitiligo.
Apenas um por cento da população apresenta vitiligo, e 23% a 26% das crianças com a doença têm menos de 12 anos de idade. É a hipomelanose adquirida mais frequente. O vitiligo pode ser extremamente desfigurativo e causar problemas importantes para o paciente.
Esta é uma questão especial em crianças e adolescentes, pois estão em processo de formação e desenvolvendo seu senso de identidade.
O diagnóstico diferencial de vitiligo inclui outros distúrbios de hipopigmentação, como pitiríase alba, hipopigmentação pós-inflamatória, piebaldismo, morféia, hanseníase, esclerose tuberosa, e líquen esclero-atrófico, além do vitiligo induzido quimicamente com catecóis, fenóis alquilados e aldeído cinâmico.
É fundamental diferenciar o vitiligo desses distúrbios e geralmente é um procedimento muito simples, mas às vezes pode ser difícil. A lâmpada de Wood é muito útil para caracterizar a extensão da despigmentação (parcial contra completa). Deve-se observar também as bordas da lesão (limites irregulares ou bem demarcados), pois o vitiligo tem uma despigmentação completa com bordas bem delimitadas. A pitiríase alba pode parecer com o vitiligo inicial, com bordas mais sutis. O piebaldismo pode evoluir durante a primeira infância e resultar em um diagnóstico errôneo de vitiligo. Raramente é necessário fazer uma biopsia diagnóstica.
A causa do vitiligo ainda é desconhecida e a etiologia mais provável parece ser autoimune.
TRATAMENTO VITILIGO
O tratamento do vitiligo é freqüentemente difícil e frustrante, tanto para o paciente como para o médico. Várias modalidades terapêuticas já foram usadas: corticóides tópicos; imunomoduladores tópicos; fototerapia com PUVA, PUVA terapia tópica, UVB e laser excimer ou luz monocromática, assim como microfototerapia; já as opções cirúrgicas incluem minienxerto autólogo com punch; enxerto de teto de bolha, e transplante de célula epidérmica.
A questão de despigmentação obtido com hidroquinona, monobenzona, ou laser de rubi Q switched também pode ser uma opção . Na determinação da eficácia do tratamento, considera-se a repigmentação maior do que 75% como um nível cosmeticamente aceitável.
Corticosteróides
Podem inibir a ação de anticorpos contra os melanócitos. Usados por via oral, tópica, intralesional ou intramuscular. Se usado incorretamente podem levar á vários efeitos colaterias.
Novos Imunomoduladores tópicos
Têm sido usados com sucesso relativo em algumas regiões atingidas, em formas clínicas mais localizadas. Deve ser sempre prescrito e acompanhado pelo médico responsável.
Puvaterapia (Psoraleno + Ultravioleta A)
O produto fotossensibilizante pode ser usado por via oral ou tópica e a irradiação pode ser natural (sol) ou artificial (cabines ou painéis com lâmpadas de ultravioleta A), iniciadas em baixas doses e aumentadas gradativamente de acordo com a reação do paciente. Os psoralenos não devem ser usados antes dos 13 anos de idade. Pode apresentar resultados satisfatórios porém requer rigorosa recomendação de tempo de exposição, acompanhamento rigoroso de um dermatologista e persistência por parte do paciente.
Fototerapia com UVB (Ultravioleta B) Banda Estreita (Narrow Band)
A exposição a esse tipo de lâmpadas pode induzir aumento da capacidade enzimática, hipertrofia e proliferação dos melanócitos, além de alterações do comportamento imunológico da pele. Reduz o tempo de tratamento e não requer uso de fotossensibilizantes, reduzindo custos e efeitos colaterais.
Microfoterapia localizada
Usada em vitiligo localizado ou manchas persistentes após fototerapia em cabines. Tem a vantagem de ser aplicada apenas sobre as manchas, poupando as áreas não comprometidas, diminuindo os efeitos colaterais e agilizando o tratamento.
Laserterapia
O excimer laser tem apresentado resultados satisfatórios. Indicado nas formas de vitiligo localizado.
Transplante autólogo de melanócitos
Indicado apenas em casos resistentes ao tratamento clínico, em áreas pequenas (vitiligo localizado) em quadros estáveis, sem surgimento de novas lesões no último ano. Consiste na retirada de fragmentos de pele de regiões aparentemente normais, com maior concentração de melanócitos, transplantados para as áreas com manchas. Várias técnicas diferentes são usadas porém as indicações são restritas (indicada apenas em pequeno número de casos). Contra indicada em pessoas com tendência á cicatrizes hipertróficas ou quelóides. Efeitos indesejáveis incluem cicatrizes inestéticas, pigmentação irregular e recidiva da despigmentação.
Despigmentação
Indicada nos casos de vitiligo universal (com mais de 75% de área corporal comprometida), tentando então despigmentar as áreas de pele normal, buscando um melhor resultado estético. As indicações são restritas e os casos bem selecionados. Os produtos usados são irritantes (hidroquinona, fenol) e devem ser administrados por profissional experiente.
IMPORTANTE: Procure o seu dermatologista para diagnosticar doenças, indicar tratamentos e receitar remédios.
Bibliografia: Bellet JS, Prose NS. Vitiligo em crianças: uma revisão de classificação, hipóteses sobre patogênese e tratamento. An Bras Dermatol. 2005;80:631-6.